por Brahmarṣi dās (Jeison G Santos)
“Tens direito à ação, mas não aos seus frutos.” (Bhagavad-Gītā)
Um convite à meditação contemplativa:
Neste plano de existência bidimensional que vivemos, a metafísica – plano superior – sustenta a física – plano inferior. O plano superior, o “mundo/origem das ideias” de Platão, é manifesto e identificado pelo plano inferior sutil. Para identificá-lo, uma análise da mente, da inteligência e do falso-ego fazem-se necessários.
Sentimos com os cinco sentidos: narinas-olfato-aroma-terra, língua-paladar-sabor-água, olhos-visão-forma-fogo, pele-tato-textura-ar e ouvidos-audição-som-éter. Aqui, “éter” é a definição de espaço-tempo de Einstein.
A mente – o sexto sentido – interpreta o que é percebido, de acordo com os vāsanās, as impressões sutis que temos armazenadas no falso-ego, que guarda nossos saṁskāras, nossas ações anteriores e suas devidas reações. Desta interpretação, o bom e ruim, o gosto e não gosto, o quero e não quero e seus sub-produtos de pensamentos que buscam construir a realidade da “melhor forma possível” de acordo com este contexto construído surgem. Disto, emoções são “vestidas” pelos olhos da mente, como filtros de luz tricolores.
A inteligência julga (julgar é sinônimo de inteligência) a situação interpretada pela mente, bem como os pensamentos oriundos das percepções, e define o que é melhor ou não, de acordo com o conhecimento resultante da memória.
… e assim vivemos, achando que vivemos, achando que somos nós! O coração bate independente da nossa vontade. Da mesma forma, a mente e a inteligência pensam e julgam idenpendente de nós. Logo, tais emoções, frutos destas ações, também não somos nós! Quem somos nós?
Se você leu olhando para si mesmo, vai observar que você observou todas essas ações. Então, aí está você! Seja bem vindo, observador! 😁
Agora que você sabe onde está, voltemos às ações. Elas não são você, mas você é responsável por elas, pois quem DECIDE agir, mesmo que ignorante de si, é o observador, vulgo você. Sendo assim, lembre-se: cada nova decisão tomada é uma reação declarada, é mais uma impressão sutil construída.
Como sair deste ciclo kármico de ação e reação? Através das VIRTUDES. “A vontade Divina” é facilmente identificada nas virtudes. Bondade, coragem, justiça, humildade e tantas outras são os “sinais de Deus”. Sendo assim, “decidir estar com Deus” é agir embasado no melhor, pois isto é ser correto. Algo contrário disto enreda, aprisiona.
Concluindo, respondendo a três perguntas fundamentais:
Onde residem as virtudes? Na Verdade (Deus);
Qual a primeira virtude a ser desenvolvida? Humildade.
Qual a manifestação da humildade? EQUANIMIDADE.
Se uma atitude não é equânime, não é possível ter um resultado legitimamente bom no que é feito. Pode ter resultados materialmente bons, como riqueza ou mesmo saúde, mas tais resultados não são perenes e condicionam o ser a executar ações cada vez mais ímpias.
Isto é amor. Amor é comportamento, é servir.