EPISTEMOLOGIA VÉDICA – Primeira parte

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EPISTEMOLOGIA VÉDICA – Primeira parte

Por Ramaputra das

Epistemologia, também conhecida como a “Teoria do Conhecimento”, é o ramo da filosofia que estuda como o ser humano ou a própria ciência adquire e justifica seus conhecimentos. Ou seja, é o estudo que procura encontrar as condições necessárias e suficientes para o resultado de uma afirmação específica. Ou seja, como alguém sabe? Ou porque como alguém pensa que sabe? Na Bhagavad-Gītā 4.34 Kṛṣṇa diz: “Aprende isso mediante submissão, indagação minuciosa e serviço. Os conhecedores ensinarão conhecimento a ti, pois viram a Verdade‘’. Segundo a Bhagavad-Gītā é compulsória a aproximação ou encontro do discípulo com um mestre autêntico para recepção do conhecimento. Porém, antes de tocar neste ponto delicado, apresentaremos neste primeiro artigo a epistemologia do ponto de vista dos Vedas.

A palavra Veda, em sânscrito, da raiz vid – significa conhecer, escreve-se veda no alfabeto devanāgarī e significa “conhecimento”. Os Vedas são antigos textos sagrados que tratam sobre todo tipo de conhecimento. As publicações mais confiáveis dos Vedas são elaboradas por escolas tradicionais de filosofia védica, conhecidas como sampradāyas, com orientação transmitida de mestre a discípulo. Portanto, é sempre bom indagar a origem da publicação que se tem a mão sobre os Vedas.

Os Vedas não são compilações do conhecimento humano. O conhecimento védico vem do mundo espiritual, do Senhor Kṛṣṇa. Outro nome para os Vedas é śruti. Śruti refere-se ao conhecimento que se adquire ouvindo; não é conhecimento experimental. O śruti é comparado à figura materna, a mãe. Primeiramente na vida, recebemos conhecimento de nossa mãe. Por exemplo, se você quiser saber quem é seu pai, quem melhor lhe poderá responder a não ser sua mãe? Quando sua mãe diz: “Eis aqui seu pai”, você tem que aceitar isso. Não há motivos para pesquisar a fim de saber se ele é de fato o seu pai. Do mesmo modo, é necessário que você aceite os Vedas caso queira adquirir algum conhecimento que ultrapasse sua experiência, seu conhecimento experimental e os seus sentidos.

Segundo os Vedas existem dez tipos de evidências ou pramāṇas: 1. Pratyakṣa Percepção; 2. Anumāṇa – Inferência, dedução; 3. Śabda – Som, palavra, testemunho de especialistas confiáveis passados ou presentes; 4. Upamāṇa – Comparação e analogia; 5. Arthāpatti – Postulação, premissa, axioma ou hipótese. Derivação de circunstâncias compreendido como princípio teórico que, apesar de não estar comprovado, é aceito como verdadeiro para que uma elaboração teórica complexa possa ser feita; 6. Anupalabdi – Não percepção, prova negativa / cognitiva; 7. Aitihya – Tradição; 8. Chesta – Gesto; 9. Pariśeṣa – Eliminação, remanescente, sūtras e 10. Sambhava – Inclusão.

Um grande mestre Srila Jiva Goswami, um dos mais respeitados eruditos da escola Gaudiya Vaishnavismo aceita todos os 10 pramāṇas. No entanto, nosso mestre Srila Prabhupada, aceitando apenas três dos dez pramāṇas, não exclui os outros sete porque apesar de termos disponível vários métodos para aquisição de conhecimentos, as três evidências principais que vamos aprofundar no próximo artigo serão: pratyakṣa, anumāṇa e śabda.

Muito obrigado, Hare Krishna!

OṀ TAT SAT!

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